segunda-feira, 26 de agosto de 2013
CRISTO
Cristo um
nome sem rima na era poesia,
e um mundo
esquecido nas lembranças passadas.
Cristo que
mora na esquina, que vive lá em casa,
tá muito
“na dele” e todos na Sua.
Cristo
ensinou liberdade mas permanece preso,
Cristo que
vai e que vem, na guerra e bordéu,
não para um
segundo atendendo ao mundo.
Cristo
palhaço em piadas, estrela, político,
eleito dos
jovens, esposo das virgens.
Cristo em
nome de quem se comete iniquidades
e se jura
de pés juntos.
Cristo mito
!!!
Cristo, eu
vejo tua subida ao poder
E choro de
agonia.
A quem
redimiste ???
17.08.1971
Postagem do vídeo em 27/07/2019
Postagem do vídeo em 27/07/2019
sábado, 24 de agosto de 2013
A FOSSA DA TIJUCA
Esta
menina que acompanha o sol que já morreu,
nasceu,
cresceu e vive semi agonizante
porque
esta menina que sorri, não é feliz.
Ela
acompanha com o olhar o amorenar do dia,
e
a mata aliada lhe sussurra mil malícias.
Seu
olhar se volta invejoso e cruel em plena tarde,
saboreando
o gosto de alheias carícias.
A água cai, cascateando
rica espuma alva,
e este véu diáfano lhe
coroa o coração.
Esta menina que sorri,
projeto de mulher
casa-se chorando com a
doce solidão.
Porque seu pranto se afoga
nesta mágoa,
e nem o céu se lhe
apresenta inteiro
ela sorri e abraça assim a
natureza
que é seu afeto real e
verdadeiro.
Sua pele morena se confunde com a tarde,
e
sua oração se vai com o sol que se escondeu.
Esta menina
que hoje chora, chorou sempre,
pelo
afeto sincero que a vida não lhe deu.
Enquanto chora a mocinha em plena selva,
os risos alheios soam na planície escura.
Assusta-se a inocente com a mentira que lhe trazem,
mas
sorri mentirosa da mentira pura.
Abandona a selvagem mata o insólito ser
sabendo que
p’rá sempre em seu viver
haverá uma selva de pranto e de desejo.
Sorri dengosa na mentira ingênua e louca,
e o escárnio
que se vê em sua boca,
mais se assemelha a imaginário beijo.
01.07.1971
Explicação: Meus 19 anos !!! Ah, quanta infantilidade ! Que trabalho dei para meus colegas. Sempre apaixonada; não sabia conservar meus namorados ! Apaixonava-me como num passe de mágica. Meus amigos tentavam me agradar e até conseguiam às vezes . Eu era bem complicadinha.
Esta poesia foi feita no Alto da Boa Vista, Floresta da Tijuca, ali pertinho da Capela Mayrink. Tinha uma pracinha com balanços, um riozinho onde a gente gostava de tomar banho... Delícia !!! Gostoso pra namorar também!
PESADELO
Olhar
aberto num último desejo,
dentes
à mostra no primeiro sorriso.
Caiu.
Caiu. Caiu !...
e
acordou do pesadelo molhado de suor.
e a
noite caiu silenciosamente no abismo.
A
bomba explodiu, o rio rolou.
Tudo
terminou...
Assim
que o sol nasceu, o vulcão se apagou
e só
restou um mar fervente de sangue.
Troou
o trovão e a luz morreu
quando
iniciou a tempestade.
O
vento fustigou a luz.
Estranho
espetáculo:
o
carvalho oscilou sob a tempestade
e
com ruído ensurdecedor caiu.
Caiu.
Caiu. Caiu !...
e
acordou do pesadelo molhado de suor.
AO MULATO
Eu te amo mulato
altivo,
Como em minha
vida jamais amei.
És para mim o
tudo entre o nada,
E uma noite
infinda em seu olhar achei.
Amo-te mulato,
nesta tua aridez
E anseio por
sentir em mim, os lábios teus.
Amo-te mulato,
no mistério em que te envolves
Perfeita e pura
criação de Deus.
Amo-te mulato nesta cor noite escura,
Com esta languidez que é tua natureza.
Amo-te mulato nesta
negra estátua,
Ornada da mais rústica beleza.
Amo-te mulato nestas mãos imensas,
Que inquietas
revelam o teu ser.
Amo-te mulato neste teu sorriso
E eu teu sorriso se resume o meu querer.
Amo-te mulato
neste oriente
Que esconde tua
boca e teus beijos.
Amo-te mulato
neste corpo ardente
Que me enche de
volúpia e de desejo.
Amo-te mulato
nesta tua simplicidade,
E esta tua
pureza me cobre de temor.
Como é que pode,
alguém assim tão diferente
Amo-te mulato, com muita, muita força
E este teu jeito me enche de emoção.
Amo-te mulato, conseguiste
incendiar,
A Roma erma e gélida do meu coração.
Amo-te mulato,
com seu ´porte,
E quem cativa seu amor está com sorte,
Pois para o conseguir, só
mesmo sendo ágil.
Amo-te sublime consorte,
Magnífico exemplar do sexo forte,
20.07.1971
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