segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Tempestade d'alma



O mar em fúria atira na areia,
ondas destrutivas, vorazes e enormes,
que no retorno arrastam em cadeia,
deixando atrás de si, sulcos disformes.

Com suas vagas ataca um rochedo,
como se dali pretendesse arrancá-lo.
Esconde-se a lua, a disfarçar o medo,
pois  parece que as águas vão ultrapassá-lo.

A  chuva despenca farta e agressiva,
furando a escuridão num golpe violento,
e o turbilhão na queda, mais e mais se aviva,
tornando chuva e mar, um único elemento.

A branca escuma,  tão frágil a debater-se,
no dorso da tormenta a cavalgar,
a cada vagalhão ameaça desfazer-se,
para surgir depois, noutro lugar.

O vento, tenor da ópera maldita,
arrepia as águas com seu sopro de morte.
A cada nota sinistra, bem mais o mar se agita,
e a movimentação se torna cada vez mais forte.

Nada pode resistir ao colossal  evento,
a que a natureza se entrega sem saída.
O maremoto, a chuva e o vento
representam simplesmente a minha vida.   



                      12/11/2016



sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Trabalho de escola.

TEMA: Como o professor pode colaborar para o desenvolvimento   
      psicomotor das crianças desde o inicio de sua vida escolar.


            


          Nosso século veio nos atingir com um “tsunami” de desenvolvimento.
        Em todas as áreas, que de alguma forma influenciam o ser humano, a tecnologia hoje ocupa  espaços reais e projetos, criando e transformando a vida mental e social de todos.
        A sociedade, como um todo, mergulhada em inventos, experimentos, estudos, conclusões e confusões, transforma-se para atender aos ( ou ser atendida pelos ) apelos irresistíveis de  uma forma de vida mais comunicativa e facilitada.
        Somos frutos do meio e nossas crianças, “ ainda verdes “, no centro de tantas mudanças, abertas a todo tipo de informação, entregam-se sem medo à novas regras, atitudes e hábitos ; sem condições, em razão da inexperiência, de identificarem o 
útil e o pernicioso. O resultado dessa situação, são jovens aparentemente desanimados, em universos particulares, longe do infinito de possibilidades que a liberdade acarreta.
        O professor tem papel  fundamental na formação desses jovens, logo no início de sua vida escolar. Para tanto, é necessário que traga para dentro  de sua própria vida o movimento e a alegria, evitando a apatia e o negativismo. A partir daí, surgirão idéias e argumentos para resgatar o aluno preso no “local onde não dá trabalho a ninguém” e trazê-lo para o patamar onde  possa sentir e aproveitar o seu  próprio espaço.
        Para transformar a realidade onde a psicomotricidade tem papel secundário, o educador deve:  usar brincadeiras que exijam a participação de toda a turma, incentivar atividades em que se associe música à  expressão corporal, criar atuações teatrais utilizando temas modernos onde poderá trabalhar a língua portuguesa, conhecimentos gerais e até, com criatividade, a matemática; chamar a atenção do aluno para os problemas ambientais com a observação da fauna e flora ao redor (mesmo que pobre), utilizar jogos e brincadeiras que exercitem o corpo e tragam prazer.
        Não é preciso retornar ao passado, e isso nem é possível, mas a criança, que tem energia em demasia, certamente se sentirá viva  e convivendo com outros seres vivos, pelo menos no período em que está na escola.
        Os sinais de que eles precisam muito da  convivência, do toque e das emoções, nos são passados a todo instante durante o recreio, às refeições, dentro da sala com sua “inquietude perturbante”, seus “agarra-agarra”, seus gritos “estridentes”, seus olhares 
e seus sorrisos.
        É preciso que desviemos os olhos de nossos “celulares” e olhemos diretamente para eles. Só assim, as dificuldades desaparecerão e teremos uma nova realidade: crianças ativas e altivas !!!





                                    11/11/2016









         

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Ponderando em versos.




Tantos sonhos perdidos no tempo,
tanta beleza engolida pela realidade;
nem sombra sou de quem escreveu tanto,
de quem pensou dizer só a verdade.


Sou outro ser neste futuro hoje;
hoje amargo, hoje até cruel.
Alguém que conheceu de perto a esperança,
que desacreditou o inferno pelo céu.




                       
                         Olho pra trás e não me reconheço,        
   acho até graça no que já escrevi
   pois dos amores proclamados nos poemas,
   sinceramente nada eu vivi.

   A vida foi me dando tanta bofetada,
   que a carcaça que sou, nem sente mais,
   só quero agora estar longe das verdades,
   porque não quero me afogar em lodaçais.




Eu não consigo entender por quê milagre,
ainda existe de poeta em mim,
pois a vida machucando os meus sonhos
quase no poeta deu um fim.

É... mas já escrevo diferente agora,
e minha vida mudou muito também.
Como em uma oração eu sinto, a caminhada,
se aproximando agora do amém.




                      

                         Sou diferente, eu sinto, e não queria,
   mas não consigo fugir da minha mente.
   Não entendo por quê, quem é poeta,
   diz e escreve sempre o que sente.

   Sou mais ligada no intelectual,
   no intimo das pessoas que conheço.
   Acho que as coisas materiais,
   não são bem aquilo que mereço.





Quero algo mais da vida que me mata,     
porque viver por viver, não tem sentido,
e prá viver como eu vejo a humanidade,
melhor seria, já haver morrido.

Sinto em mim alguma coisa irreal,
que as pessoas não querem compreender.
É como se eu falasse um idioma
que quase ninguém consegue entender.




                          E sendo assim, sou só, com os meus versos,
   com um amor diferente para dar.
   Aquele amor que busca as estrelas
   e que é mais profundo que o mar.

   Mas quem é que quer amor poeta
   na era do sexo, traição e liberdade ?
   E eu vou permanecer pra sempre assim:
   totalmente fora da realidade.


                 19/01/1985






                   

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

A flor



Esquecida na prateleira fria                  
de uma antiga delegacia
eu vi uma flor.
Meio murcha, já enegrecida,
de pétalas caídas e sem vida,
misto de alegria e dor.





Onde estarão as mãos que a compraram,               
ou mesmo aquelas mãos que a roubaram
para a alguém ofertar ?
Onde estará pessoa tão singela,
que fez com que esta flor um dia pura e bela,
viesse estar aqui, neste lugar ?







Ali, na cúpula do dever,                     
que mãos teriam deixado a delicada flor.
Seria pra lembrar uma esperança,
ou um recado insinuante de amor ?



Prá mim, flor não combina com violência,   
e muito menos rosa, combina com prisão.
As pétalas abertas me lembram sim, as asas
de livres aves a voar na imensidão.






Enternecida foi minha alma debruçar-se   
sobre aquela flor abandonada e esquecida.
Seria ela o reflexo do vazio,
resto de um amor passado e já sem vida ?





Não importa o local, não importa o sentimento,
a alegria ou a dor que alguém sente.
O que importa na verdade: aquela flor
é sinal de que aqui, existe gente !!!








E gente é sinal de sentimento,                   
e sentimento se declara assim: com flor.
Onde tem flor já se sabe, ali tem gente.
Onde tem gente já se sabe, tem amor !!!






                     





sábado, 10 de setembro de 2016

Estações





Amo a Primavera com ardor,                    
pois ela, tão cheia de beleza,
faz-nos pensar bem mais no amor,
a Primavera estação princesa.







Já o outono eu respeito e admiro,                            
pois traz fartura e odoriza a natureza,
enriquece com sabor o ar que eu respiro,
a estação da bondade e da nobreza.









No Inverno, o frio gosto de curtir,                        
e  o ar carregado de graça e sutileza,
que une os corpos na ânsia do sentir,
o amor que emana de tanta singeleza.









                Já o verão retumbante de calor,
               do movimento do sol e com certeza
               das estações é o rei... e com louvor
               é o Verão a estação surpresa.







                                                                           12/01/1982


Meiguice







Hoje é um dia especial,                        
paira no ar uma magia.
Uma vontade... um desejo,
prazer, amor, alegria...






O sol acaricia minha pressa,                          
a brisa desmancha o meu medo,
a calma da manhã me traz sussurros,
de coisas tão gostosas... De segredos.
Sinto no ar, fascínio, lascividade.
Vou te matar, saudade  !!!



                                                                 11/01/1982        

Recado à alma.








Alma triste, alma chorosa,                                  
cala o pranto que derramas,
pois quem neste mundo não sabe,
o tanto quanto o amas ?









 Assim tão presa no tempo,                      
nas armadilhas em que entraste,
tu hoje vês com tristeza,
quanto... quanto te enganaste.








Mas é tarde, não há volta,                              
tens que seguir sempre em frente,
mesmo que aquele a quem amas,
esteja sempre ausente.




                                 Teu pranto lava a mágoa,                              
mas não apaga o futuro,
nem te esquece o passado,
tão gostoso e tão puro.









Alma triste e apaixonada,                                
que em dores, hoje explodes,
na solidão deste mundo,
viva enfim, enquanto podes.










                                                                            09/01/1982















Domingo.






Hoje é domingo, pé de cachimbo,        
eu fui à praia e como gostei !
Sol escaldante... água friinha,
me diverti, e como brinquei.





                   Fiquei vermelha, o corpo ardendo,  
                   ficou cor de rosa a pele morena.
                  Voltei cansada, de tanta praia,
                   mas sinceramente, valeu a pena !






Tô com saudade de tanto "praiar",          
domingo que vem, espero voltar.



                                                                       10/01/1982


Surpresa






É bom esperar o domingo
com vontade de estar,
com você a noite inteira,
pra te amar e te amar.

Mas a confusão do tempo,
faz-me lembrar de repente,
que é hoje o domingo,
e eu fico contente, contente...


                              03/01/1982

O trem da volta.