sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Amanheceu.



Amanheceu. O mundo desperta.
Há um festival de movimento e luz.
Tudo canta !  Tudo é festa !
Amanheceu, Jesus !


Amanheceu !!!
Tudo ganha novo brilho e cor
e o novo dia é um convite ao amor,
ao dar-se sem medo.
Tudo é luz e ainda é tão cedo,
mas já os pássaros cantam e encantam...
O brilho da manhã que assim reluz
me faz te ver, Jesus.


Apaixonada que estou
abro os olhos.Te vejo.
Minha oração simboliza
um beijo.
Sou feliz porque te amo, Cristo
e a partir deste amor, existo !
Minha alma anseia estar junto de Ti,
como o doente anseia a droga que cura.


Ó meu Senhor, doente está meu ser,
ah, porque vivo carente de ternura.
Só teu amor, Jesus, me satisfaz
e esta certeza me enche enfim de paz.









Amanheceu !!!
Amanheça em mim, ó meu Amigo,
e faça que este dia tão bonito
aproxime o dia em que estarei Contigo.










             16/07/1984


Quando amo Deus



Te amo Deus quando olho a natureza,
Tão benfazeja espalhando Seu Amor.
Te amo Deus, quando olho a minha volta
E admiro Suas obras, ó Criador !



Te amo Deus ao olhar meu semelhante,
E amá-lo assim do jeitinho que ele é.
Te amo Deus quando sofro e me calo,
Na pessoa de Jesus de Nazaré.



Te amo Deus e por Ti vivo a clamar
Nas horas em que tudo perde seu encanto.
Te amo Deus com toda força e fé
Força que emana do Espírito Santo.




E é este amor tão alto, tão imenso,
Que ultrapassa ao sonho de Babel,
E vai depositar-se, humilde, de presente,
Junto aos Teus Pés, no Trono, aí no céu.








15/07/1984

Ressurreição


O sol nasceu !!! O sol nasceu, eu vi !                          
Depois da morosidade das trevas e do frio         
ele surgiu radiante num céu muito azul,
profundo e de incomparável beleza.
O sol surgiu e obrigou minhas pálpebras
a se cerrarem protegendo a íris,
tão frágil, tão castanha, tão vivaz.
O calor que me invadiu foi tão terno
que até o vento fustigando meus cabelos
cessou, acatador e humilde.



Eu quis agradecer a Deus por estar viva
e comprovar a todo instante o Seu Amor
mas me perdi na amplidão da manhã
acompanhando o sol e sorrindo.
Como é lindo ser humana
e poder sentir a grandeza do que me rodeia.
Como é bom sentir saudades
do Amaro, da Dorinha, do Alceste,
da Guida, do Byron, do Bruno.


Como é bom existir e poder ouvir
o Alceste me animando,
a Vanda me sussurrando,
Dona Rosa me aconselhando,
a Ruth rindo...
Como é bom ser Solemar e ter esperanças,
Querer construir um império, querer crescer...
Como é bom ser eu nesta manhã tão cândida !
Estou ressuscitando, gente ! Ressuscitando outra vez,
E como isso é grande !!!
O sol nasceu e me trouxe outra alma,
Felicidade... alívio...


Quero descrever o que sinto. Faltam-me palavras.
Sou como uma recém casada, um recém nascido,
Um recém promovido:
Tudo ao longo do caminho é nevoento
indefinível,
mas quero caminhar
e meus receios desapareceram.


Hoje...
Só hoje estou sentindo a importância de ser gente   
e uma vontade louca de confiar,
e um desejo intenso de me doar.
Agora comprovei que o universo é habitado
e todos os seres vivem
exatamente como eu;
Mas só hoje... exatamente hoje
pude sentir e ver
o sol nascer !!!




  
                 28/04/1971








Trégua



Vitoriosa ou vencida ?  Não sei...
O tempo passa, dá lugar a novas emoções,
a novas dores e a novas esperanças.
Vencedora ou vencida ?  Ainda não sei,
mas senti que houve uma trégua na batalha
e minhas emoções descansam.
Milhares de mutilações, crateras imensas
sinto ainda.
Esta batalha foi difícil.

Vitoriosa ou vencida ? Não sei...         
porque nem dores eu sinto
nem pranto eu choro.
Sei que fui ferida mortalmente
mas ainda comando meu batalhão
com dignidade superior.
Meus soldados fracos e chagados
vagabundeiam numa selva bela...
mas sem luz,
onde não existe vida, só miragens.
Cada um, arfante e desnorteado
espera o reinício da batalha
ou o armistício.




Vencedora ou vencida ?
Ainda não sei, confesso
mas sinto uma vontade louca
de expulsar meu inimigo.


                      



         26/04/1971



Observação: São pedaços da história de uma moça, numa outra época.

Positivo



Este orgulho quebrado me causa uma agonia                                                       
e uma ânsia tremenda de “ver acontecer”,
e eu não adivinho de onde sai esta ponta de receio,
que me cutuca a alma, fazendo um sentimento desconhecido.
Sinto que me falta o ar para respirar
e um invisível punhal me penetra a carne
como a chuva lá fora penetra o chão. Eu a ouço.
Se eu tivesse voz protestaria e iria colocar esta mágoa para o mundo ver.
Engraçada a maneira como mergulho na tristeza
me maltratando.
Se acontecesse alguma coisa p”rá quebrar essa rotina...
Mas o que eu quero não acontece e a frustração vem.
Não consigo apagar um episódio.
Assim, de costas, penso que o mundo lá fora é negro,                                               
e se eu me virar, verei que minto.
Lá fora está claro e bonito. Ninguém foge lá fora,
só eu me confundo com esta escuridão que me envolve.   

Nem tenho coragem de olhar para trás
e descobrir que hoje é um dia como os outros,
que a vida continua... que  preciso participar do mundo.
Perdi a coragem de viver porque o ser humano
esconde um lado mau
e já me decepcionei muito.
Não posso descobrir que lá fora é dia !
Se descubro, saberei que lá fora também se chora,
que a natureza está lá fora entre risos e prantos.
Descobrirei que só se foge da vida p’rá morrer.          

que lá fora existem dramas, expostos à  luz
mais vitoriosos que vencidos.
Descobrirei que existem estradas
e que nasci para ser sozinha.
Ficarei ciente das minhas responsabilidades,
porque faço parte da máquina
e não posso quebrar.
Sinto que hoje não há sol
mas se eu me virar
poderei constatar que o sol está entre as nuvens
e se o sol está entre as nuvens
existe esperança !!!


          24/04/1971







Observação: Quando fiz este poema, tinha apenas 19 anos. Posso observar nestas palavras como eu era sem juízo e estava perdida. O mais engraçado porém é que estas palavras retratam o que sinto ainda. Eu sou alguém que tem a alma totalmente perdida.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Coração vazio



Trago em meu peito um coração vazio,
Onde o inverno impera e a noite faz morada.
Nas cicatrizes das mágoas, grande mal se alastra,
Infectando as  lembranças resguardadas.




Fechado e oprimido, coração doente,
No leito da tristeza, aguardando a morte,
Já nada espera que possa salvá-lo,
E se entrega febril a sua própria sorte.



Na cabeceira de dor, o ódio espreita,
Numa vigília paciente e incansável.
Junto da cama a raiva permanece,
Sufocada numa ânsia incontrolável.



O nojo intenso se mistura com o ar,
Tornando-se com ele, um único elemento.
No prato da discórdia só há decepção
E migalhas de amargura como alimento.


Em violenta convulsão, debate-se no peito,
E sacode a alma com um súbito arrepio.
Sem cura. Triste. Partido e aos pedaços,
Só vai ficar cada vez mais... vazio.









                      23/05/2014

Amor solidão








Aprendi a gostar da solidão,
do silêncio que encobre vozes escondidas,
do nada que disfarça constante movimento.
Já não me surpreende a escuridão,
onde as luzes da razão ficam retidas,
pra que minh’alma ouça a canção do vento.



  
Há tanto som e tanta luz vibrando,
que o ar impregnado já não os contém
e os derrama como dádivas de amor.
É no silêncio se intensificando
que eu me calo para ouvir também,
o abrir vagaroso  da pétala da flor.





A nudez dos elementos me encanta e extasia,
que submeto-a a mim. Nela me enfio,
sorvendo a delícia de estar  assim sozinha.
Com ciúmes de amante que em nada confia,
meio a volúpia sedenta que origina o cio,
me agarro a solidão que agora é só minha.



Amo-a em tudo que me afasta da tristeza,
e inconsciente assumo, sem medo, sem pejo,
que é ela minha eterna companheira.
De tanto vê-la, descobri sua beleza,
de tanto tê-la, desejei seu beijo,
e agora sou dela para a vida inteira.










                    18/05/2014

O trem da volta.