sexta-feira, 24 de julho de 2015

Poema de saudade




Tanta coisa eu precisava te dizer,            
Mas mesmo querendo, não pude te reter.
Palavras guardadas
Ainda acorrentadas
No meu coração.
Palavra inventada, repetida,
Ensaiada...
Versos falando de amor,
Poemas mesclados de dor,
Sinônimos de emoção.
Adjetivos escandalosos, substantivos cautelosos,
Conjunções.
Frases carinhosas, composições escabrosas,     
Confissões.
Tinha um mundo de afirmações,
Perguntas, exclamações...
Segredos de ouvido.
Coisas pra rir, coisas pra sentir.
Um pranto. Um pedido.
Tanta coisa pra dizer e fui te perder.

Ah, quanta coisa tinha pra fazer
Eu e você.                                
Ir ao cinema, à pracinha,
Caminhar de manhãzinha
Lado à lado de...va...gar,
Passear de braços dados,
Andar nas lojas,
Lanchar.
Ombro com ombro, enroscando os cabelos,    
Olhar pro espelho,
Rir da cara manchada,
Achar graça de um nada,
Cair na gargalhada.
Correr na chuva, molhar a luva,     
Tocar seu nariz com o dedo gelado.
Mão na mão atravessando a rua,
O leve aperto, minha mão na sua,
O sobressalto !
__ Cuidado, o sinal abriu !!!
Mas você partiu.



Tanta coisa pra gente dividir:
Pedaço de bolo, fatia de pão,
Raio de sol no frio, sombra no verão.
Gotinha de perfume... abusada alegria,
Folha de caderno
Pra escrever poesia.
Pranto na tristeza, cadeira na mesa,
O café quentinho... o molho azedinho.
A conversa fiada,
Pesada piada...
Afetos, desfetos, objetos....
Preocupações... ilusões.
O microfone, a melodia,
As notas musicais.
A lembrança de antigos carnavais,
De tempos que não voltam mais...
Dividir a existência, experiências que vivi,
Mas você não está mais aqui.

Nossos olhos tinham muito para ver,
Acontecer...
O sol à tarde se pondo no horizonte,
O prateado da água a despencar  em fonte,
O rio caudaloso  a rolar.
Flores se abrindo, folhas caindo,
Folhas voando,
Poeira no ar.
A lua imponente passeando
Num céu com estrelas a brilhar.
Desfile de nuvens branquinhas, preguiçosas,
Borboletas multicores, buliçosas,
Aves ruidosas enfeitando a amplidão.
O mar e o céu à distância se encontrando,
Empurrando ondas que se atiram espumando,
Na areia que cintila embelezando o chão.
Tanta coisa pra ver acontecer,
E na verdade eu não posso mais te ver.



Você se foi enquanto eu esperava
O momento propício... um indício.
Confiei  no tempo e ele me traiu.
Você partiu.
Depois... Depois...
Ficou vazio o seu lugar.
Ficou saudade.                            
Ficou vontade do tempo voltar...


                                           23/07/2015

Meu amado irmão Valdê.
   
         

O trem da volta.