Quem és velho
que passa
com o terror
nas órbitas e ereto ?
Mira com
calma e com a alma
o resultado
do “após tua guerra”
que trouxe à
luz, nós monstros abissais,
ó pavoroso
museu de “altas erradas”.
Temes ???
Não te
agarraremos como pensas
porque se
nossas mentes estão cheias de ópio
as mãos
permanecem alvas e puras.
Vês ? Nossos
lábios sabem sorrir; os teus esqueceram,
e cada
sorriso nosso é suave e real.
Se tentas
sorrir tua boca abre-se em cratera
como aquelas
abertas na “tua guerra”.
Temes ???
Não temas.
Nós ainda
amamos e um cifrão não nos cega,
já que nossa
retina é forte
enquanto os
tímpanos são frágeis.
É melhor
ouvir os sussurros da paz
que o
ribombar das bombas que “tua guerra” traz.
Respeitamos
sua corcunda e velhice
e ainda mais
sua careca brilhante.
Se te olhamos
quando passas
é por
vergonha de descender de ti.
Olha, sente o
que fizeste ao nosso ar,
e sem motivos
nos temes.
Bem sabes que
nos condenaste a batalhas inglórias
Estufas o
peito pesado de imaginárias medalhas
salpicadas do
sangue de seus semelhantes.
Olha !!! Olha os frutos do teu passado.
Temes ???
Não tema, já
que não temeste a guerra
e a julgaste
realmente importante.
Ainda somos
sufocados pela onda de terror
que invade o
outro lado do oceano.
Ficamos aqui,
expostos à sua crítica
e nada te
faremos.
Temes ???
Nos campos de
guerra ficamos à tua frente,
oferecendo
nossa juventude pela sua velhice,
querendo
atirar flores e amor
para matar
sim, mas de felicidade,
os que do
lado de lá, choram como nós
por cada
corpo que tomba na poeira.
Olha! Que
fizeste com o mundo ???
Temes ???
Não temeste
fazer a guerra.
Pobre de ti,
velho guerreiro
que optou
pela morte e destruição.
“Tua guerra”
no campo terminou,
agora
batalhas contra o medo,
pois vives pisando
os corpos dos teus irmãos
assassinados
por ti.
Não temas !!!
Nossa paz
interior será flâmula no Universo,
o mundo será
libertado
e choverá
flores !
Neste dia
então verás
como é bom
viver em paz !!!
31/05/1971
Interessante ao ler esse texto é que naquela época eu não imaginava que um dia teria 62 anos, seria careta e ultrapassada além de culpada também por inúmeros transtornos na vida dos jovens. Naquela época os danos na natureza não eram tão intensos e se eu falava da violência social, e participava dos ideais, não assumi compromisso algum para minimizar o impacto que nossa geração provocaria na terra.
Hoje eu sou a velha que passa...