sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A Predadora



Meio à vegetação rasteira a cobra espreita,
Imóvel como rocha, nada a denuncia.
Seu corpo enovelado, na relva se deleita,
Enquanto o frio olhar passeia e vigia.






Camuflam-se nas sombras as escamas douradas,
Que se misturam ao silêncio num levíssimo tremor.
Tomadas pelo espasmo se movem onduladas,
Escorregando lentamente por sobre o verdor.




Sua língua bifurcada inquieta e ardilosa,
Puxa o cortejo ameaçador, que avança.
Capta sinais, sinistra e buliçosa,
Nos recantos onde nem a vista alcança.










Rasgando o véu das folhas, pequena claridade,
Faz cintilar o olhar tão traiçoeiro.
Assusta-se, fugindo da luminosidade
Na defensiva contrai o corpo inteiro.







Na boca aberta as pontudas agulhas,
Guardam a morte como um segredo,
E na penumbra lhe faíscam mil fagulhas,
Provocando esta visão, insegurança e medo.









Envolta pela relva a invisível fera,
Audaciosa e exímia caçadora,
Enrosca-se em anéis e fica à espera,
Porque nesse momento, é ela a predadora !!!





                                                                    27/08/2015



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O trem da volta.