Este orgulho
quebrado me causa uma agonia
e uma ânsia
tremenda de “ver acontecer”,
e eu não
adivinho de onde sai esta ponta de receio,
que me cutuca a
alma, fazendo um sentimento desconhecido.
Sinto que me
falta o ar para respirar
e um invisível
punhal me penetra a carne
como a chuva lá
fora penetra o chão. Eu a ouço.
Se eu tivesse
voz protestaria e iria colocar esta mágoa para o mundo ver.
Engraçada a
maneira como mergulho na tristeza
me maltratando.
Mas o que eu
quero não acontece e a frustração vem.
Não consigo
apagar um episódio.
Assim, de
costas, penso que o mundo lá fora é negro,
e se eu me
virar, verei que minto.
Lá fora está
claro e bonito. Ninguém foge lá fora,
só eu me
confundo com esta escuridão que me envolve.
Nem tenho
coragem de olhar para trás
e descobrir que
hoje é um dia como os outros,
que a vida
continua... que preciso participar do
mundo.
Perdi a coragem
de viver porque o ser humano
esconde um lado
mau
e já me
decepcionei muito.
Não posso
descobrir que lá fora é dia !
Se descubro,
saberei que lá fora também se chora,
que a natureza
está lá fora entre risos e prantos.
Descobrirei que
só se foge da vida p’rá morrer.
que lá fora
existem dramas, expostos à luz
mais vitoriosos
que vencidos.
Descobrirei que
existem estradas
e que nasci
para ser sozinha.
Ficarei ciente
das minhas responsabilidades,
porque faço
parte da máquina
e não posso
quebrar.
Sinto que hoje
não há sol
mas se eu me
virar
poderei
constatar que o sol está entre as nuvens
e se o sol está
entre as nuvens
existe
esperança !!!
24/04/1971
Observação:
Quando fiz este poema, tinha apenas 19 anos. Posso observar nestas palavras
como eu era sem juízo e estava perdida. O mais engraçado porém é que estas
palavras retratam o que sinto ainda. Eu sou alguém que tem a alma totalmente
perdida.
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