terça-feira, 18 de outubro de 2016

Ponderando em versos.




Tantos sonhos perdidos no tempo,
tanta beleza engolida pela realidade;
nem sombra sou de quem escreveu tanto,
de quem pensou dizer só a verdade.


Sou outro ser neste futuro hoje;
hoje amargo, hoje até cruel.
Alguém que conheceu de perto a esperança,
que desacreditou o inferno pelo céu.




                       
                         Olho pra trás e não me reconheço,        
   acho até graça no que já escrevi
   pois dos amores proclamados nos poemas,
   sinceramente nada eu vivi.

   A vida foi me dando tanta bofetada,
   que a carcaça que sou, nem sente mais,
   só quero agora estar longe das verdades,
   porque não quero me afogar em lodaçais.




Eu não consigo entender por quê milagre,
ainda existe de poeta em mim,
pois a vida machucando os meus sonhos
quase no poeta deu um fim.

É... mas já escrevo diferente agora,
e minha vida mudou muito também.
Como em uma oração eu sinto, a caminhada,
se aproximando agora do amém.




                      

                         Sou diferente, eu sinto, e não queria,
   mas não consigo fugir da minha mente.
   Não entendo por quê, quem é poeta,
   diz e escreve sempre o que sente.

   Sou mais ligada no intelectual,
   no intimo das pessoas que conheço.
   Acho que as coisas materiais,
   não são bem aquilo que mereço.





Quero algo mais da vida que me mata,     
porque viver por viver, não tem sentido,
e prá viver como eu vejo a humanidade,
melhor seria, já haver morrido.

Sinto em mim alguma coisa irreal,
que as pessoas não querem compreender.
É como se eu falasse um idioma
que quase ninguém consegue entender.




                          E sendo assim, sou só, com os meus versos,
   com um amor diferente para dar.
   Aquele amor que busca as estrelas
   e que é mais profundo que o mar.

   Mas quem é que quer amor poeta
   na era do sexo, traição e liberdade ?
   E eu vou permanecer pra sempre assim:
   totalmente fora da realidade.


                 19/01/1985






                   

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