Amanhece na rua, no calor, no frio.
Banho não toma, mal se alimenta,
Não tem paradeiro, seu tempo é o infinito.
Não tem paradeiro, seu tempo é o infinito.
Já frequenta bares, conhece adultos,
Já joga sinuca sorrindo bonito.
Se veste suado, se calça imundo,
Sua mãe o despreza, seu lar é o
mundo.
Desconhece pai. São frouxos seus
laços,
Ninguém o procura ou segue seus
passos.
Se toma cerveja é
porque alguém paga,
Se fuma um cigarro, é
ganhado também.
Se a fome o assalta,
a comida que come,
Tem o amargo sabor de
desprezo de alguém.
Menino
favelado, feito cão vadio,
Cordão no
pescoço e o corpo no cio.
Já domina
a arte de fazer amor,
De um
jeito selvagem, com prazer e dor.
Tem carinhos brutos. Não sabe o que quer,
Se deita com homem, transa com mulher.
Não conhece medo, vergonha ou piedade,
Não curte a mentira, nem ama a verdade.
Livre e inquieto como a ventania,
Não tem esperança. Vive cada
dia.
Livre e solitário é uma ilha humana,
Sem passado ou futuro, a caminhar
errante.
Guarda no peito uma opressão insana,
Uma
urgência de viver o tudo num instante.
No funck é sensual, no pagode autoridade.
Tem raiva da polícia e de tudo que
vem dela.
Só faz alguma coisa,
se sentir vontade.
Nao é um favelado, é de “comunidade”.
Leal
com seus amigos, não entra em furada,
Mortal
com os “x9”. Não tem palhaçada.
Pega
bem na arma e gosta de atirar.
“A vida é prejuízo, a morte é lucrar! “
Menino cão vadio, feito favelado,
Pipeiro, fogueteiro, olheiro, endolador.
Sem rumo, sem poesia, sem ternura, abandonado,
Sem rumo, sem poesia, sem ternura, abandonado,
Vivendo e aprendendo que não existe amor.
Baldio e indolente, lascivo e
orgulhoso,
Entregue a seus caprichos,
capacho do destino,
Tem a dura atitude de quem já é
um homem,
Mas na realidade é somente um
menino.
29/08/2008
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