No chão de terra da rua maltratada,
Como uma enorme boca escancarada,
Num silencioso grito, a exigir o nada.
Parte-se o colar e a pérola preciosa,
Deita-se no chão e rola enlouquecida.
Numa euforia, sem freios, toca a água suja,
E sem defesa alguma, é logo engolida.
Ah ! Destino cruel que ao belo desampara,
Deixando a pérola, à mercê do mundo.
Pobre coitada, tão linda ! Destruída
Enquanto o charco fica ali... Feio ! Imundo !
Até que enfim, tocam a pérola perdida,
Abraçam-na com força, e a trazem com carinho,
P’rá se fartar na luz, se embriagar de vida.
E neste momento então, dá-se o milagre,
A realidade que é sempre inesperada:
Escorre-se a lama da jóia, ela permanece
Pura como antes. Perfeita ! Imaculada !!!
Assim são os filhos do Deus Onipotente,
Que como Jesus, querem amar, querem servir,
Mesmo vivendo na lama deste mundo,
Não se deixam por ela seduzir.
30/12/2002
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