Ah ! Prisão de minh’alma: feio corpo
A me reter inteira e oprimida,
Nada se iguala aos gemidos ansiosos,
Pranto sentido de minha pobre vida.
Quisera planar livre pelo espaço,
entrecortando nuvens, brincando com estrelas,
mas ai ! Não posso ! Devo conformar-me
e aceitar não as tocar, somente vê-las.
Dentro de mim fervilham sentimentos,
que se misturam num delírio insano.
Brotam poesias dos meus olhos alagados,
bóiam palavras neste oceano.
Existe em mim uma volúpia misteriosa,
um “não sei o quê” que me domina,
e saltam versos, estrofes, utopias,
numa torrente que me arrasta e me fascina.
Estou perdida ! Meu crime desconheço,
tenho desejos de falar, chorar, sentir,
porém bem sei, desta prisão de ego,
ao meu espírito impossível é, fugir.
Ai, quem me dera um milagre acontecesse !
Ai, quem me dera, houvesse solução !
A poesia bem podia, sorrateira,
livrar minh’alma desta vil prisão!
16/05/2003
Nenhum comentário:
Postar um comentário