o sorriso escancarado,
porque era Carnaval.
Mijou um mijo apressado,
Na porta da loja ao lado,
E com cuidado dobrou,
Sua cama de jornal.
O sol refletiu um raio intenso,
Na negra pele, brilhante e suada.
O olhar perdeu-se na avenida enfeitada,
Achou-a diferente... Bonita e divertida.
Achou-a diferente... Bonita e divertida.
Sentado no meio fio, o anônimo menino,
Viu estarrecido, (que sutil destino!)
A bola de um “bate bola” ali. Perdida!!!
De lá tirou a fantasia deslumbrante
De “bate bola”, rodada e interessante.
A saia era uma colcha antiga e rasgada,
De “bate bola”, rodada e interessante.
A saia era uma colcha antiga e rasgada,
A máscara, a camisa velha e furada.
Meteu nos furos seu olhar vivo e radiante.
Um enorme folhoso galho era,
A sombrinha perfumada e rara.
Tiras de pano nas pernas, eram meias,
E um trapo sujo no pé, a sapatilha cara.
Hoje eu só quero folia,
Nesta festa, ser alguém.”
E o então, menino rico,
Se tornou um folião.
Caiu no samba. Puxou cordão.
Cantou até ficar rouco,
Corria feliz, feito louco,
Batendo a bola no chão.
Temendo aquela alegria,
E pensando: “__É um ladrão !”
Sem nem ligar p’rá canseira,
Dançou, pulou, noite inteira.
Alguém trouxe cola. Cheirou...
Restos de um cachorro quente.
Provou...
Provou...
Deu vontade. Se abaixou,
Cagou no estacionamento.
O quê, ali era excremento ?
A cena ? Ninguém notou.
O carro surgiu atrás.
Menino não correu mais,
Voou em meio a folia.
Quem era ? Ninguém sabia.
Ali findava sua vida,
Tristeza em meio a alegria.
Sangue, serpentina,
___ Morreu o Menor !!!
Ladrão da avenida.
Ninguém chorando,
O povo sorrindo,
O bloco passando.
Acabou-se uma vida.
Carnaval de mentiras,
Verdade que dói :
O chofer assassino,
Tornou-se herói.
Tudo jazia no chão.
E o grito ? Ninguém ouviu !
A bola de “bate bola”,
Rolou pela rua afora,
E um outro menino a viu...
Nenhum comentário:
Postar um comentário