Lá
se vão mais de sessenta anos
Vão atravessando
o caos dos desenganos.
Deslizando
os trilhos da revolta.
A serpente
de ferro adormecida
desperta
aos poucos engolindo gente.
Sorvendo
sonhos nesta triste lida
se espreguiça
e segue lentamente
Num
cadenciado chocalhar de ferros
cascavelando
vozes misturadas.
abrindo
túneis nas sombras e aos berros
Seguindo
nas curvas, devorada pela bruma..
pisoteando
sem cuidado os dormentes,
em
correria louca e levitante, quase pluma,
sai
despertando a natureza com silvos estridentes.
escorrega
pesada pela encosta fria,
atira-se
ao vale e em calmaria estranha,
navega
o solo irregular como uma enguia.
Adentra
a floresta seguindo seu caminho,
buscando o amanhecer
com tal afã,
que
o calor do sol vem como um carinho,
quando
a primeira luz beija a manhã
Matiza-se
em brilho sob o sol ardente.
Fura
o nevoeiro que dorme na paisagem.
E vai
passando pela vida indiferente,
Como
imponente rainha, diante dos vassalos
espreguiça-se
gritando e em ritmo avança.
Minha
alma menina observa os intervalos
e o devaneio
dessa tão estranha dança.
À
frente, a cabeça assustadora
com olhos
cor de chama, a expelir fumaça.
Atrás
a cauda móvel, saltadora
Abro
os olhos do sonho, devagar
pela janela das horas a passar
percebo
que o tempo não volta jamais.
Minha
Maria Fumaça é só uma quimera,
que
não pertence mais a essa era
e eu
não a verei nunca mais.
01/07/2018
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