Sai
labaredas da boca da estátua
erguida
no centro da Terra.
O
mar começa a ferver,
e
a escuma vermelha no dorso das ondas
baila
ao som da marcha nupcial.
A
noiva caminha impassível
e
aos pés da estátua se senta,
levanta
o vestido que por ironia
é
chita amarela
e
dos vergões vermelhos escorrem lágrimas
quentes
e rubras.
A
noiva abre os braços de cadáver
e
sua carne cai aos poucos
apodrecendo
a Zona Sul.
Aquela
carne necrosada eu vi
na
perna de um nordestino
que
caiu do andaime
e
perdeu a causa no Ministério do trabalho.
Vi
na cabeça da criança, a mesma ferida.
Aquela
criança que pedia esmola
na
Central do Brasil.
Tem
milhares de anos o monstro que assola;
fruto
da ganância dos homens.
Nasceu
da jogadas na Bolsa,
das
“barbadas” nas corridas.
A noiva é assim formada:
sua
cabeça é uma bomba relógio,
seus
ombros um avião sequestrado,
seu
pescoço uma estátua sem glória.
Seus
braços são dois fuzis,
seus
seios duas granadas,
sua
cintura um tanque de guerra.
Seu
hálito é a poluição total,
seu
olhar o raio laser,
sua
voz a destruição
da
nossa Sodoma,
Sem
Deus que a salve.
26/07/1971.
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