domingo, 25 de maio de 2014

Saudade



Irmão,
Hoje o dia acordou com cara de passado,,
Uma chuvinha fina, um vento gelado,,
Um cheiro forte de poeira  no meio do ar.
No chão molhado, cambaxirras fazem farra,
Pardais saltitam em louca algazarra,
E um solitário bem te vi passa a cantar.

                                                         
                                            
Choram as árvores gotinhas transparentes,
Que ao refletir a luz se tornam reluzentes,
Desfazendo-se em brilho ao bater no chão.
Bailam as folhas na música do vento,
Enquanto as rolinhas buscam alimento,
Dançando ao som desta mesma canção..


Quebrando a solidão, crianças na calçada,
Não sentem frio e brincam animadas,
Numa confusão de vozes e intenso corre – corre.
Rodeiam exultantes um pequeno charco,
E dobram em papel, pequeno e frágil barco,
E o soltam na água que da poça escorre.

                                                                     
Minha alma  viaja naquele barquinho,
Tomada de incerteza, em busca do caminho,
Que me transporte ao tempo de criança.
Nesta manhã tão fria, o passado tão distante,
Torna-se presente a partir do instante,
Que liberto na enxurrada o barco da lembrança.


Vejo ao passar as mais belas paisagens,
Que povoaram minha infância de imagens,
E que o medo do futuro não pode apagar.
Vivo o presente no mar dos  desenganos,,
Mas navegando imaginários oceanos,
Tenho tempo e liberdade pra lembrar.


                      
                            

                                                                           
                                25/05/2014                           
      

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O trem da volta.