Barco à
deriva, sem ter sul ou norte,
Em cujo
leme o desânimo repousa,
Levado
pelas ondas feito um joguete.
Na
solidão extrema que lembra a morte,
No
tombadilho só a escuma pousa,
E o sal
se sedimenta, formando um filete.
O rijo
casco debate-se na água,
Que
furiosa salta e invade a escotilha,
Se
espalhando sem pressa, invadindo tudo.
Desprendendo
em violência, dor e mágoa,
O seu
recuo canta e tamborila,
No
aposento caótico e mudo.
No seu
bailado frenético, o barco avança,
Impulsionado
pelo vento impetuoso,
Contido
pelo peso da armadura.
A vela
inchada, estranhamente dança,
Num
frenesi sofrido e doloroso,
E o seu
pano, a solidão perfura.
O barco
invade a bruma em peleja,
Sem ter
no seu comando alma viva,
Brigando
com as águas sem contê-las.
Rompendo
a escuridão, seu sulco relampeja,
Pequena
réstia de luz que finaliza,
A
escuridão da noite sem estrelas.
E segue
sem rumo o barco abandonado,,
Sob a
tormenta intensa e implacável,
Entregue
ao impiedoso vendaval.
A
estalar madeiras, ei-lo naufragado,
E enfim
o mar, traiçoeiro e indomável,
Deixa
que as águas voltem ao normal.
16/05/2014
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